terça-feira, 31 de março de 2015

Carro de Combate Leve M3A1 “Stuart”

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Este talvez seja um dos tanques leves mais famosos e um dos mais produzidos na história dos carros de combate. Recebeu seu nome pelos inglêses, em homenagem à um dos maiores generais de cavalaria do Exército dos Estados Unidos, James Ewell Brown “JEB” Stuart. Esse carro foi padronizado nos U.S.A. em 1940 e iniciou-se a sua produção em 1941, suprindo grande parte dos exércitos aliados, principalmente o britânico, que o usou maciçamente na campanha da Líbia. Era propulsado por um motor Continental de 7 cilindros, radial, modelo W670-9A, a gasolina, ou opcionalmente o Guiberson diesel de 9 cilindros, radial, mod. T-1020-4. A transmissão era de 5 velocidades à frente e uma marcha à ré.
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Detalhe do motor Guiberson de 9 cilindros, diesel, de 16.700 cc de cilindrada, 245 HP a 2.200 r.p.m.
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Acima, o motor Continental radial de 7 cilindros, modelo W670-9A, de 10.900 cc de cilindrada, 262 HP a 2.400 r.p.m.
O motor, alojado na traseira do carro com acesso por duas portas traseiras, ocupava quase 1/3 do espaço interno do veículo. A partida desses motores, bem similar ao de seu uso aeronáutico, era feita pela explosão de um cartucho similar ao de espingardas calibre 12, porém bem maior, e carregado com cordite em sua totalidade. Da culatra dessa pistola saía um tubo de aço, como se fosse o seu cano, que era enviado ao motor.
O sistema de partida tipo Coffman e Breeze eram os mais usados. Os gases resultantes da detonação dessa pólvora atingiam pressão de 1.000psi e eram enviados, ou à uma turbina solidária ao virabrequim ou diretamente à câmara de um dos cilindros, o que a fazia girar o motor. Essa espécie de pistola, utilizada para detonar o cartucho, era colocada no painel do carro, ao lado do motorista. Apesar de parecer algo pouco prático, tinha suas vantagens, tanto em aviões como em tanques, à partida com motor elétrico. Uma delas é que se evitava a necessidade de ter a bordo pesadas baterias, que se porventura descarregassem, seriam inúteis para dar a partida. Uma das desvantagens era o estoque de cartuchos, que tinha que ser mantido e controlado.
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Foto comparativa de um cartucho calibre 12, à esquerda, com o cartucho para partida do motor nos carros M3
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O armamento básico era composto de um canhão M5 ou M6, calibre 37mm e uma metralhadora Browning cal. 30-06, montados lado a lado na mesma torre giratória. Opcionalmente havia a possibilidade de instalar mais uma metralhadora Browning .30-06 na torre, do lado externo. A tripulação era de 4 homens, dois alojados na parte inferior e dois na torre. Seu peso em marcha era de 12.400Kg, velocidade máxima de 60 km/hora em terreno plano. Podia transportar cerca de 100 cartuchos 37 mm e 8.000 cartuchos para as metralhadoras, além de uma sub-metralhadora Ina calibre .45, com 500 cartuchos e 12 granadas de mão.
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Tanque Leve “Stuart” M3A1, utilizado por várias décadas pelo 1º BCCL de Campinas.
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Visão interna do tanque leve M3A3, modelo ligeiramente melhorado em relação ao M3A1 – nota-se aqui que o eixo de transmissão (cardã) atravessava pelo interior da cabine para atingir a caixa de câmbio; a tração das lagartas era feita por roda dentada dianteira. 
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Fotografia da década de 70, um dos tanques M3 do 1º BCCL em desfile, no centro de Campinas, SP

A munição 37mm M1 (37X223R)

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 Cartucho 37X223R, M63, montado, com projétil em aço tipo HE (High Explosive)
Esse cartucho 37mm possuía diversas versões, entre elas a de treinamento (sem carga explosiva), a A.P.C. (Armor-Piercing Capped), também sem carga explosiva e a H.E. M63, com carga explosiva. A H.E. M63, que é a ilustrada aqui, possuía um projétil feito em aço, oco em seu interior, com o fundo rosqueado para a montagem do dispositivo detonador. A parte oca do projétil era preenchida com 38,5 gramas de TNT, detonadas pela espoleta de impacto M58. A carga propelente era de 222 gramas de pólvora FNH. O peso total do cartucho H.E. era de 1,419 Kg. Seu alcance máximo era de 9.500 metros com uma velocidade inicial do projétil de 2.600 pés/seg, ou 790 m/seg. A penetração em blindagem de aço chegava a cerca de 6,0 cm a 500 metros.
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 Acima, o cartucho 37X223R e seu projétil tipo M63 H.E. (High Explosive) produção de 1942
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Acima, vemos os componentes do dispositivo de detonação, (Fuse BD M58). O tubo de montagem do conjunto (6) era rosqueado (rosca-esquerda) na parte traseira do projétil (8), com uso da arruela (7). Depois, temos a capa da espoleta (1) com o detonador M38A1 em seu interior (2) com o orifício de passagem da agulha do percussor, a mola do percussor (3), o percussor (4) e seu anel de resistência (aqui visto montado no percussor) e a bucha-guia (plunger) do percussor (5).
FUNCIONAMENTO:
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Os componentes do dispositivo: 6- corpo, 1- tampa do detonador, 2- capa do detonador, 5- plunger (bucha do percussor), 3- mola do percussor, 4- percussor e 7- anel de resistência
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Aqui temos em desenho esquemático do interior do conjunto do FUSE B.D. M58, o mesmo que temos na foto mais acima, desmontado. O funcionamento é bem simples, uma vez que não se trata de espoleta de tempo e sim, somente de impacto. Todo o “segredo” consiste no anel de resitência (resistance ring) e na força inercial. O mecanismo está sempre em posição desarmada.
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Acima, o percussor com seus dois ressaltos, onde se posiciona o anel de resistência, ao lado. A seta preta indica a posição do anel quando o dispositivo está desarmado. A seta vermelha indica a posição para onde o plunger (5) empurra o anel após o disparo do cartucho.
Na posição mostrada no desenho esquemático, mesmo que o projétil seja derrubado ao chão, é impossível a sua detonação. O anel de resistência (7), alojado no ombro do percussor (seta preta) não permite que o percussor (4) se mova em direção ao detonador (2), pois o anel também está encaixado ao plunger (5). Portanto, a segurança é total por que ele não se desloca com a simples queda do projétil ao chão, mesmo de uma altura razoável.  O percussor em si é uma peça muito leve para que haja uma força inercial suficiente para movê-lo em uma queda.
Porém, reparamos em dois detalhes importantes: o anel de resistência (7) é um elo semi-aberto, portanto, sofre de uma certa elasticidade. Outra coisa que se nota é que ele fica inicialmente repousado numa área liza do percussor (seta preta). Porém, o percussor também possui um rebaixo perto da sua base. O que ocorre no momento do disparo do projétil é o seguinte: a enorme força inercial (que ocorre com o movimento repentino do projétil através do cano, atingindo em frações de segundo quase 800 metros por segundo de velocidade) faz com que o plunger (5), também auxiliado por uma mola espiral (3), consiga vencer a resistência do anel, fazendo-o abrir um pouco, passar por cima do ressalto do percussor e se alojar na ranhura existente na base do percussor (seta vermelha). Neste instante, o projétil já está em vôo e assim, o detonador foi armado.
Com o anel agora alojado na ranhura da base do percussor (4), seta vermelha, este se torna solidário ao plunger (5) e agora, essas duas peças juntas e mais pesadas, por inércia, podem se mover em direção ao detonador vencendo a pouca ação da mola espiral, mas só no momento do impacto do projétil em um obstáculo, ou seja, uma impressionante desaceleração repentina de cerca de 800 m/s a zero, instantaneamente. Desta forma, a agulha do percussor atinge o detonador (2) que aciona a espoleta (booster pellet) dentro de sua capa (1). Com a explosão da espoleta, a carga de TNT dentro do projétil, que está em contato direto com essa espoleta, entra em combustão.

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