quinta-feira, 23 de abril de 2015

Testes Can-Am Commander 1000X

 
À primeira vista, pode até parecer um jipinho, mas o Can-Am Commander 1000XT pertence à outra categoria de veículos: os side-by-side, em tradução literal, lado a lado. Dotado de um chassi tubular, rodas de 12 polegadas e suspensões independentes, os veículos side-by-side, ou SSV, aproximam-se mais de um quadriciclo do que de um jipe fora-de-estrada, em função de sua construção e também da distância entre-eixos e de sua largura, mais estreita do que um jipe. No caso do Commander 1000XT até a motorização vem dos quadriciclos da marca canadense: dois cilindros em “V” dispostos a 80° da Rotax com 1.000cc e 85 cavalos de potência máxima.
Populares em países da América do Norte, os SSV, veículos side-by-side, chegaram há poucos anos no Brasil e já fazem sucesso entre os amantes do fora-de-estrada. Tanto que na 20ª edição do Rally dos Sertões, maior prova da modalidade no País, que larga de São Luís (MA) no próximo dia 18 de agosto, haverá a categoria UTV, utility terrain vehicles, nomenclatura também dada aos side-by-side. Cerca de 11 competidores vão participar da categoria, entre ele o piloto Carlos Collet, que já venceu o rali cinco vezes na categoria quadriciclos, e vai pilotar um Can-Am Commander X preparado para a prova.
Volante ao invés de guidão
Apesar das semelhanças estruturais, os SSV diferem bastante dos quadriciclos. A começar pela posição de pilotagem: o piloto vai sentado e é obrigado a utilizar um cinto de segurança – além de uma rede contentora na lateral do veículo, no caso dos modelos da Can-Am. E no lugar de um guidão existe um volante como nos carros. Outra diferença, evidenciada pelo nome side-by-side, é que, além do piloto, vai também um passageiro. Porém, ambos devem usar capacete já que não existe uma cabine, apenas uma estrutura protetora, espécie de gaiola. Portanto você dirige o Commander, como o faz com um automóvel.
Para facilitar a tarefa, nos modelos 2013 do Commander a Can-Am adotou a tecnologia DPS (Dynamic Power Steering), ou direção assistida, para facilitar manobras em trilhas fechadas e em baixa velocidade. A assistência diminui conforme a velocidade aumenta, funcionando por meio de sensores magnéticos que melhoram a resposta da direção e ajudam a ter mais controle do veículo. Outra novidade para 2013 é o sistema visco-lock, um diferencial autoblocante automático.
Na hora de acelerar, mais novidades para um “motociclista” como eu. O Commander XT conta com pedal de acelerador e freio. Não há embreagem, já que, assim como os quadriciclos, o Commander traz transmissão continuamente variável, o tal câmbio CVT. Para parar, a Can-Am o equipou com freio a disco na dianteira e na traseira: discos com 214 mm de diâmetro com pinça de dois pistões.
Impressões de pilotagem
Ao se acomodar no banco e afivelar o cinto de segurança e a rede de proteção lateral – do contrário uma luz insistente no painel e um sinal sonoro incomodam – , basta pisar no acelerador para o V2 acordar e colocar o Commander em movimento. Devido ao baixo peso do veículo, 585 kg a seco, a aceleração é vigorosa e em poucos segundos já se alcança 80 km/h – o que, nas estreitas trilhas da floresta de coníferas canadenses é sinônimo de adrenalina suficiente.
A estabilidade do conjunto é garantida pelo conjunto de suspensões: braços duplos em “A” na dianteira com geometria anti-mergulho e suspensões independentes com braços transversais na traseira. O conjunto funciona muito bem para absorver as imperfeições do piso e outros obstáculos, principalmente pela grande distância livre do solo – 35 cm.
Entretanto, é nas curvas que o piloto precisa de um pouco mais de habilidade para contorná-las com segurança. Em função de sua largura reduzida e do alto centro de gravidade, o Commander, assim como um quadriciclo, pode capotar com facilidade. O ideal é fazer curvas reduzindo a velocidade ou acelerando para “sair” de traseira. Na dúvida, pode contar com o bom sistema de freios que para o Commander com segurança.
Já em obstáculos, o bom ângulo de entrada do Commander permite encarar subidas íngremes – afinal, o “brinquedinho” foi feito para fazer trilhas fechadas também – e o câmbio CVT dá conta do recado e parece sempre haver torque à disposição. Já a potência, que aparece em giros mais altos, é capaz de levar o SSV a velocidades altas nas trilhas – podendo chegar até 130 km/h o que, convenhamos, é mais que suficiente em um veículo estritamente off-road. Outra característica que ajuda em trechos complicados e locais com lama é a tração nas quatro rodas. Basta apertar um botão no painel e escolher 4x2, ou 4x4.
Brinquedinho caro
Apesar do visual de jipinho, do cinto de segurança, faróis e luzes de freio, o Commander 1000, assim como outros side-by-side, não é homologado para rodar em vias públicas. Ou seja, só poderá rodar em trilhas fechadas ou propriedades particulares.
Em países como Estados Unidos e Canadá, com territórios enormes e vastas áreas selvagens, é bastante utilizado para a caça esportiva ou mesmo para aventuras outdoor. Os SSVs também são usados na manutenção de torres de transmissão de energia, mineradoras, entre outros locais de difícil acesso por enfrentarem bem terrenos acidentados e serem menores do que jipes ou picapes.
Mesmo com essa proposta aventureira ou utilitária, a Can-Am não economizou no conforto dos ocupantes na linha 2013 do Commander 1000. A começar pelos bancos, facilmente ajustáveis, e que ainda podem ser retirados para uma fogueira no meio da floresta, por exemplo. A coluna de direção pode ter sua altura regulada e há, até mesmo, dois suportes “off-road” para copos.
Disponível em quatro versões - Standard, XT, X e Limited, - que diferem entre si pela pintura e acessórios instalados, o Commander 1000 modelo 2013 deve desembarcar em breve no Brasil, segundo a Bombardier Recreational Products, detentora da marca Can-Am. Os modelos 2012 à venda no País têm preço sugerido a partir de R$ 60.000.
Preparados para o Rally dos Sertões
O Rally dos Sertões chega, neste ano, a sua 20ª edição e entre as novidades para comemorar a data está a introdução da categoria UTVs. Haverá 11 pilotos disputando a prova com veículos side-by-side. Além do Can-Am Commander, modelos da americana Polaris, como o Razor 900, vão acelerar entre a capital maranhense, São Luís, e Fortaleza (CE) entre 18 e 29 de agosto.
Entretanto, foi preciso fazer adaptações para esse tipo de prova. “Reforçamos o sistema de gaiola para preservar os competidores e as rodas. Colocamos um tanque suplementar que aumentou a capacidade de combustível para 80 litros, atendendo a autonomia mínima do regulamento, que é de 220 quilômetros. Além disso, instalamos portas e os instrumentos de segurança e de navegação exigidos pela organização da prova”, disse José Koizumi, o Avê, chefe de equipe da Bike Box Racing, empresa que vai dar apoio para a equipe Can-Am.

FICHA TÉCNICA
Motor OHC, 976 cc, dois cilindros em V, refrigerado a água, SOHC, 8 válvulas (4 válvulas/cilindro)
Diâmetro x curso 91x 75 mm
Potência máxima 85 cv
Torque máximo não divulgado
Sistema de combustível Injeção de eletrônica
Câmbio CVT
Transmissão final Eixo de transmissão com seleção de tração nas 2 ou 4 rodas com diferencial dianteiro Visco-Lok
Chassis Tubular
Suspensão dianteira: Braço duplo em A com 254 mm de curso
Suspensão traseira: Suspensão traseira independente com braço delimitador de torção (TTI) com barra estabilizadora externa com 254 mm de curso
Freio dianteiro: Freios a disco duplos ventilados de 214 mm com pinças hidráulicas do pistão duplo
Freio traseiro: Freios a disco duplos ventilados de 214 mm com pinças hidráulicas do pistão duplo
Pneu dianteiro: 27 x 9 x 12 polegadas
Pneu traseiro: 27 x 9 x 12 polegadas
Comprimento total: 3.004 mm
Largura total: 1.489 mm
Altura total: 1.829 mm
Distância entre eixos: 1.914 mm
Distância mínima do solo: 350 mm
Peso total (a seco): 585 kg
Capacidade do tanque de comb.: 38 litros
Cor: Prata
Preço: R$ 60.807
Fotos: Arthur Caldeira e Sébastien Larose/Divulgação

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